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Os Ilustres Desconhecidos #7 | Entrevista a Kaká
publicado por David Pereira a quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Jericho – Senhoras e senhores, o meu convidado de hoje é a estrela do União de Lamas, Kaká! Bom dia!



Kaká - Bom dia!!
É com muito gosto que estou aqui!!

J – Gostava que te apresentasses aos nossos leitores, diz-nos a tua posição dentro de campo, as tuas principais características, a tua idade, a tua altura e peso e o trajecto que fizeste entre os clubes que representaste.

K - Tenho 27 anos, meço 1,65m e peso 65 kg
Desde que sou sénior, na época 00-01 estive no Sp Espinho (II Liga), na época seguinte fui para o Cucujães (III Divisão); de 02 a 04 estive no Sp Espinho na II Divisão B; na época 04-05 estive no Sp da Covilhã; na época seguinte estive na Ovarense (II Liga) de onde saí em Outubro, devido a problemas financeiros do clube e fui para o Arrifanense (III Divisão); desde a época 05-06 estou no União de Lamas
Eu jogo preferencialmente como extremo (direito ou esquerdo), mas nestes últimos dois anos já joguei como lateral direito e como médio ofensivo
As minhas principais características são a velocidade, a técnica, os cruzamentos e o posicionamento em campo!
No meu último ano no Sp de Espinho e no ano que estive no Covilhã, subimos à II Liga

J – Muito bem... De onde veio a alcunha de Kaká… do nome Ricardo ou de algo mais?

K - É a pergunta que mais me colocam!!
Esse nome vem desde o infantário onde (pelo que me contam), eu dizia que me chamava Kaká, pois não gostava do nome Ricardo
Aliás, já ninguém me trata por Ricardo nem os meus pais nem a minha mulher.
A minha mulher só me chama Ricardo quando está chateada com algo!!!;)

J – Pelo que sei és do FC Porto… mas usas o número 31 que é famoso por ser Liedson a usá-lo. Porquê essa escolha?

K - tem duas explicações:
Uma delas é a de fazer uma homenagem à minha esposa que faz anos no dia 31 e a outra é que tenho feito muitos golos (14 a época passada e nesta já levo 8), e as minhas características assemelham-se muito ao Liedson, isto é, não desisto dos lances e quero sempre mais... mas em lamas chamavam-me "Lisandro" quando jogava pelo meio e Quaresma quando jogava como extremo!




J – Neste momento tens 27 anos, onde ainda ambicionas chegar?


K - O meu sonho foi, é e há-de ser até deixar o futebol jogar na I Liga, outro sonho que tenho é o de jogar na Liga dos Campeões.
São os sonhos que nos guiam, se não sonharmos, mais vale não viver.

J - Claro, concordo... e com que idade achas que terminarás a carreira?


K - Eu vou terminar a minha carreira quando fizer um jogo na mesma equipa com o meu filho!!!

J – Então e no mercado de Inverno, poderão surgir novidades?

K - Talvez... Ainda faltam 2 jogos para terminar o ano
Vamos ver... mas gostava muito de continuar em lamas por causa dos miúdos que estou a treinar e queria vê-los a crescer como jogadores

J – Qual foi o convite mais tentador que já tiveste tanto a nível desportivo como económico?


K - O convite mais tentador que já tive foi quando assinei pela Ovarense. II Liga e perto de casa era o ideal.

J – As lesões já condicionaram a tua carreira alguma vez?

K - Felizmente não, fui operado duas vezes, uma a cada joelho, mas em 2 semanas já estava a jogar outra vez.

J – Sendo tu um jogador não profissional, certamente tens um trabalho ou então estudas, é fácil conciliar essa ocupação com os treinos ou muitas vezes tens de faltar a treinos ou então chegar lá atrasado ou até mesmo cansado?

K - É evidente que há dias que chego mais cansado porque me levanto cedo para ir para a faculdade (6 da manhã), mas eu gosto tanto de jogar futebol que o cansaço desaparece.
Vou-te contar uma história, há 2 anos eu entrei nos campeonatos universitários de futebol e num dia de jogo da Faculdade, eu tive aula de futebol das 8h até às 10h, tive jogo pela Faculdade das 14 até às 16 e depois tive treino às 18h30 e o meu treinador no final do treino disse-me que tinha sido o meu melhor treino!
Por isso é verdade aquilo que se diz, quem corre por gosto, não cansa!

J – Bem verdade... Depois de ler alguns artigos teus no Football Fever, fiquei a saber que és treinadores dos “Escolas B” do União de Lamas. Como é treinar os mais pequenos? O que se procura ali é mais a conquista da vitória ou o ensinamento aos jovens como trabalhar dentro de campo?

K - O meu único pensamento é de lhes dar algo que eles no futuro vão precisar.
É um trabalho a longo prazo, isto é, o coordenador das Escolas A e B é o treinador dos seniores e o que ele pretende é que quando estes miúdos chegarem aos seniores já tenham as noções de como se trabalha a zona, como se devem posicionar em campo e, acima de tudo, que pensem o jogo, no jogo e durante o jogo!
Entendes?

J – Sim, entendo... Como treinador, pensas apenas em ficar pelos jovens, ou mais tarde, depois de terminares a carreira em treinares os Seniores?

K - O que eu gosto mesmo é de trabalhar com os miúdos, pois eles não têm vícios, vêm com vontade de aprender, e eu sei que lhes posso ensinar algo de muito útil.
Quanto aos seniores, não podemos dizer nunca, mas acho que não tenho perfil para trabalhar como treinador principal, talvez como adjunto!

J – O União de Lamas ainda há bem pouco tempo esteve na II Liga, é um projecto do clube chegar lá de novo ou o objectivo passa só pela continuidade nos escalões nacionais não profissionais?

K - É evidente que o objectivo do clube é chegar à II Liga, mas para isso tem de criar condições para tal. Nesta altura, o objectivo principal é abater o passivo e até isso acontecer, vamos tentar fazer o melhor com o que podemos ter.

J – Pegando um pouco no assunto e sendo tu alguém do Norte, qual achas que foi o principal motivo para a queda a fundo do Salgueiros, Leça, Felgueiras, entre outros?

K - A principal razão foi esses clubes viverem anos e anos acima das suas reais possibilidades. Ou seja, ofereciam ordenados que depois não conseguiam pagar, os jogadores colocavam o clube em tribunal e as dívidas vão aumentando até que chega a um ponto que não se consegue suportar o passivo e aí têm de fechar as portas e começar de novo!

J – Eu por exemplo há certas coisas que desconheço, como surgem os convites para os jogadores virem para um certo clube?

K - Depende se tens ou não empresário.
Se tiveres empresário, é o empresário que se dá bem com um certo director ou presidente de um clube e oferece o jogador, se não tiveres empresário, aí tens de ter muito valor para um clube falar contigo, apresenta-te a proposta e depois u aceitas ou não!

J – Então e como funciona o mundo dos empresários? Tens um empresário?


K - Eu não tenho empresário
O mundo dos empresários é um mundo muito complicado, ou és bom jogador ou então se tiveres empresário, ele não te liga nenhuma e só quer saber de ti quando lhe tiveres de pagar 10% do que ganhares num ano.

J – Como é que um treinador treina a sua equipa? Escolhe apenas a táctica adequada aos jogadores que tem e põe-los a jogar ou à mais para alem disso como jogadas ensaiadas e quase a pô-los a jogar de olhos fechados?

K - vou falar por mim, eu treino a minha equipa em função do que eu penso que é o Futebol, o que quero dizer é que a minha ideia de futebol é aquela mais "romântica", de bola sempre a circular de pé para pé, pressão alta, transições defesa-ataque e ataque-defesa muito rápidas, defender à zona, enfim, como vemos o Arsenal ou o Barça a jogar.

J – Muito bem... Não sei se no União de Lamas seja assim, mas por exemplo, quando estiveste nos escalões profissionais, como se dava o estudo do adversário e aplicação desse mesmo estudo nos treinos?

K - Normalmente, o clube envia um observador para ver quais as circulações tácticas mais frequentes, como se estruturam em campo, características dos jogadores mais importantes, as bolas paradas, etc...
Essa observação depois é aplicada nos exercícios onde podemos explorar os pontos menos fortes do adversário, ou seja, potenciar a nossa capacidade naquilo que somos fortes e eles menos fortes e tentar arranjar estratégias de eles não conseguirem aproveitar as nossas debilidades (que todas as equipas têm, pois nenhuma é perfeita)

J – Muito bem... Este ano e apesar da derrota, marcaste um bom golo no Estádio D. Afonso Henriques frente ao Vitória. O que sentiste quando apontaste tal golo?

K - Foi uma mistura de sensações. Pois primeiro estava chateado por ter ficado no banco nesse jogo e foi uma bofetada de luva brama ao meu treinador.
Segundo já estávamos a perder 4-1, mas fiquei muito feliz pois não é todos os dias que se marca um golo a uma equipa como o Guimarães

J – Para ti... Qual achas que é o melhor jogador do mundo a actuar na tua posição?

K - Eu já joguei como médio ofensivo e como extremo
Como médio ofensivo é o Kaká e como extremo talvez o Messi, pois é um jogador imprevisível.

J – Qual o melhor colega de equipa que já tiveste?


K - Foram dois, Artur Jorge e Jojó quando estive o meu segundo ano no Sp Espinho.




J – Qual o melhor treinador que já tiveste?


K - O meu treinador actual, Luís Pinto e o meu treinador no Covilhã, Fernando Pires ou como era conhecido Fanã.

J – Qual foi o adversário directo que teu mais trabalho de ultrapassar?

K - Luciano Amaral

J – Acreditas no Apito Dourado?

K – Acredito. Mas isso não é nada comparado com o que se vê no futebol não profissional

J - Então, qual a diferença?


K - No futebol não profissional, não há qualquer tipo de controlo, os árbitros, como querem subir de categoria ou estão a acabar a carreira, aceitam qualquer coisa para beneficiar uma equipa.

J – Ficas com a consciência pesada quando vences um jogo devido a um penalty inexistente que a tua equipa transformou em golo ou quando ela é beneficiada?

K - Claro que um jogador nunca pensa se foi beneficiado ou não na altura, se o jogo foi gravado aí podemos dizer se foi penalty ou não, mas na altura tu só pensas em marcar golo.
Podes não acreditar no que te vou dizer, mas desde que sou sénior, as equipas onde joguei nunca foram beneficiadas.

J – Ronaldo ou Messi? Porquê?

K - Eu prefiro o Messi porque é um jogador de equipa, movimenta-se para criar espaço para outro colega aproveitar, é imprevisível enquanto que o Ronaldo movimenta-se por movimentar, pensa apenas nele próprio e está-se a tornar muito previsível!!

J – Nas últimas edições dos “Os Ilustres desconhecidos” falei sobre Ricardo Catchana (Aljustrelense) e Bruno Cruz (GD Fabril), o que sabes sobre estes dois futebolistas?

K - Apenas o que li no blog!!

J – Bem... Muito obrigado por me teres concedido esta entrevista, foi um prazer ter-te cá.

K - Obrigado eu.

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